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Dezembro 31, 2018

JOSÉ FILIPE MAGALHÃES, CAMPEÃO DE ATLETISMO DE MOÇAMBIQUE: IN MEMORIAM

Imagem retocada e pintada por mim.

José Magalhães, campeão de atletismo de Moçambique e de Portugal, década de 1960. Faleceu no Dia de Natal de 2018, em Nampula.

José Filipe Magalhães (Lourenço Marques, 16 de Janeiro de 1938- Nampula, 25 de Dezembro de 2018) foi mais um dos grandes atletas de Moçambique, na modalidade de atletismo. Os seus tempos nos 100, 200, 300 e 400 metros, conseguidos na segunda metade da década de 1960, foram recordes de Portugal na sua versão colonial e, em virtude dele ter permanecido em Moçambique após 1975, mantiveram-se como recordes nacionais daquele país, aparentemente intocados até hoje. Como tal, foi venerado e homenageado repetida e merecidamente naquela altura, tendo, pelo seu mérito e estatuto, sido a individualidade convidada para, na cerimónia da inauguração do novo estádio do Clube Ferroviário em Lourenço Marques (o seu clube) no dia 30 de Junho de 1968, percorrer o recinto do estádio com a tocha e acender a chama olímpica, perante a multidão ali presente (e não, como refere a Bola numa nota biográfica, na cerimónia da proclamação formal da Independência, ocorrida no mesmo local, a madrugada de 25 de Junho de 1975. Até porque a Frelimo daquela altura fazia questão de penalizar praticamente toda e qualquer figura que se destacou no período pré-independência, especialmente no desporto, por razões basicamente ideológicas. Enfim).

A carreira desportiva de José Magalhães foi marcante e soberbamente relatada por Victor Pinho, um seu contemporâneo e admirador, num artigo divulgado no excelente Big Slam em 20 de Maio de 2015, quando, muito tardiamente, a Universidade Eduardo Mondlane e a Escola Superior de Ciências e Desporto de Moçambique o homenagearam, então já Magalhães tinha 77 anos de idade e vivia em Nampula doente e praticamente na miséria, penso que com uma insignificante reforma dos Caminhos de Ferro de Moçambique. Na mesma altura, de Portugal, Victor Pinho, oportuna e generosamente, liderou uma pequena campanha de solidariedade em que um distinto grupo de pessoas, penso que quase todas antigos residentes de Moçambique a viverem em Portugal, reuniu cerca de 1800 euros, que na altura foram entregues ao antigo campeão de atletismo de Moçambique.

Por essa altura, numa iniciativa do governo de Moçambique, Magalhães foi indicado como uma das três maiores figuras do desporto moçambicano do Século XX, juntamente com a incontornável Maria de Lurdes Mutola e Cândido Coelho.

José Magalhães, à direita, com a nadadora de Moçambique Dulce Gouveia, provavelmente a melhor nadadora de todos os tempos de Portugal em número de recordes batidos numa longa carreira. Penso que, aqui homenageados em Lourenço Marques como os Desportistas do Ano em 1967.

José Magalhães faleceu em Nampula no dia de Natal de 2018, com 80 anos de idade.

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