Imagens dos arquivos nacionais portugueses, retocadas.
Os atletas parecem ser todos do Desportivo, do Ferroviário e do Sporting LM. Se o Exmo. Leitor conhecer alguém, por favor envie uma nota para aqui.
Inaugurado cerca de 1950, uma direcção do Desportivo, liderada por Michel Grispos entre 2002 e 2015, vendeu o terreno por uma verba não revelada (um jornal diz que foram 5 milhões, o que me parece pouco) a não se sabe bem quem, e procedeu a gastar o dinheiro, deixando o clube outra vez completamente falido e endividado. Tudo indica que o Desportivo que foi legado em 1974 em breve deixará de existir.
O curioso é que o clube tem – tinha – o estatuto de instituição de utilidade pública. O curioso é que o terreno onde os sócios notavelmente construíram um estádio em três meses (em troca do terreno originalmente cedido em frente à sua sede) originalmente fora cedido pela Câmara Municipal de Lourenço Marques especificamente para o uso que lhe foi dado, o que sugeriria que uma direcção qualquer em princípio não poderia simplesmente pegar nesse terreno e vendê-lo. No mínimo, dado o interesse público, o terreno deveria permanecer para uso pelos sócios e o público. No mínimo, o actual município poderia invocar o direito de regresso em relação ao mesmo e impedir uma venda. No mínimo, Grispos deveria apresentar um relatório detalhado a explicar porquê, onde e como gastou os milhões que o clube recebeu durante os seus mandatos. Mas, no Novo Moçambique em que o verdadeiro ouro é um terreno no centro de Maputo, nada disso parece sequer ter sido considerado. Até agora, apesar da aparência de uma negociata e de uma situação de gestão ruinosa, rigorosamente nada transpirou do que é que sucedeu, apesar de. alegadamente, Michel Grispos ter sido interpelado para comparecer na Procuradoria Geral da Republica, explicar o que fez, como e porquê. Na imprensa, limitou-se a dizer que a escritura de venda existe e que foi tudo legal.
Agora, a julgar pelo que já aconteceu, falta vender-se os terrenos da sede e da piscina a um qualquer empreiteiro misteriosamente milionário, o dinheiro novamente desaparecer, e o Desportivo passar a ser a memória que já é daquilo que foi: um contributo nobre e notável para a qualidade de vida dos residentes da Cidade.
Um legado que custa a crer estar a acabar assim.