Imagem retocada.
Enquanto vivi em Lourenço Marques, nunca visitei o CHLM e de facto só ontem é que descobri onde é que ficava (ou fica, pois ainda está lá, num canto na parte Norte do que resta do Jardim Zoológico).
Sei pouco sobre as suas origens, mas duas notas que encontrei o destacam. A primeira é esta, penso que é a contracapa de um livro:
A segunda nota é que desde os anos 50, Portugal foi o primeiro país do Mundo a promover dois concursos hípicos internacionais oficiais (eram assim os seus nomes). Um realizava-se em Lisboa. O outro acontecia em Lourenço Marques no Centro Hípico da Cidade. O Exmo Leitor pode ver, premindo AQUI, um filme sobre o 6º Concurso Hípico Internacional Oficial em 1969.
Num artigo que encontrei e que não merece referência, uma dessas académicas comunas da gíria “progressista” pós-colonial, demonstrando como habitual um total e aberrante desconhecimento das engrenagens da sociedade pré-independência (especialmente em contraste com a elite predadora que agora controla o já cinquentenário país, incluindo ditando administrativamente o recente resultado de eleições “multipartidárias”) rotulava o CHLM como um playground privilegiado da elite colonial, que ia lá passear-se nos seus cavalos. Para além de contestar essa da “elite colonial rica passeante de cavalos”, sei que, tal como em outros desportos putativamente de “elite” (vela, pára-quedismo, hipismo, tiro, aviação, golfe, ténis, automobilismo, pesca submarina, etc), em Lourenço Marques colonial o acesso a esses desportos era razoável e acessível a quem gostava daquilo e realmente o queria praticar. Num contexto colonial urbano, a maioria dos praticantes eram brancos, que eram mais abonados que a população negra, maioritariamente analfabeta e rural. Mas daí até qualificar esse estatuto de algum privilégio a “ricos”, é querer gozar com a cara de uma pessoa. A esmagadora maioria dos brancos de Lourenço Marques tinha qualidade de vida. Mas não era “rica”. A empatia com a injustiça do sistema colonial tem os seus limites, nomeadamente os dos factos e do bom senso.
Confesso que passeei a cavalo uma vez nos anos 80, nos Estados Unidos (propriedade de uma senhora da Universidade Brown, onde eu estudei, e que tinha um cavalo numa quinta) e outra nos anos 90, numa vasta propriedade maravilhosa que os Espírito Santo tinham acabado de comprar nas Cachoeiras, a Norte do Rio de Janeiro, no Brasil, que visitei durante uns dias. Em ambos os casos, não gostei muito do passeio – e, atrevo-me a adivinhar, nem os cavalos.
Enfim.
Peço que, se algum dos Exmos Leitores conheceu o Centro Hípico de Lourenço Marques, faça o favor de escrever para aqui e dar o seu testemunho de como aquilo era.