THE DELAGOA BAY COMPANY

Abril 17, 2019

FALECEU RICARDO CHIBANGA, TOUREIRO DE MOÇAMBIQUE

Filed under: 1960 anos, 1970 anos, Ricardo Chibanga — ABM @ 3:17 pm

Texto e a primeira imagem reproduzidos com vénia do jornal A Verdade, publicado em Maputo em 17 de Abril de 2019.

Ricardo Chibanga numa tourada. O artista faleceu em 16 de Abril de 2019 na Golegã, em Portugal, onde iia há décadas.

Faleceu na madrugada desta terça-feira (16 de Abril de 2019) na sua casa, na Golegã, terra que o adoptou, o moçambicano Ricardo Chibanga, o primeiro matador negro da história da tauromaquia. Tinha 76 anos de idade e tentava recuperar de um acidente vascular cerebral.

Chibanga nasceu pobre nos primeiros anos da década de 40. O pai trabalhava na Pastelaria “Princesa”, lugar de referência da capital moçambicana, e a mãe acompanhava-o na luta e sacrifício para criar os filhos. O sonho de toureiro contraiu- o, tal como uma doença, por volta de 1962, trocando definitivamente os pontapés na bola de trapos com Eusébio, Hilário, Coluna, Vicente pela muleta e capote encarnado.

A fachada da Praça de touros A Monumental, em Lourenço Marques, anos 60.

Na Páscoa, no Ano Novo ou nas festas da cidade, Chibanga juntava-se a um amigo para negociar com o porteiro da praça a participação na festa brava. Em dias de espectáculo, Ricardo dedicava a manhã a alisar a arena e a capinar em redor, recebendo em troca o bilhete para as corridas. Fazia também, com toscos paus de madeira, bandarilhas que vendia aos turistas. E assim foi conseguindo ver mais e melhor, ao mesmo tempo que o desejo de confronto com o touro germinava.

Anos mais tarde, já famoso, numa entrevista à revista “Tempo” de Julho de 1973, confessou que trabalhou sob as ordens de um tal Pinheiro que tinha a seu cargo a preparação dos animais para a lide. Fascinado pela valentia do toureio, explorava toda e qualquer possibilidade de treinar o instinto para fintar com habilidade o novilho. No centro das suas atenções, estavam os toureiros portugueses, espanhóis e mexicanos que, por aquela altura, desfilaram em Moçambique. De todos, o favorito era Manuel dos Santos, o maior matador de touros aos olhos de Chibanga.

O Matador Paco Corpas em Lourenço Marques

Certa tarde, porém, Manuel dos Santos, já então um renomado matador, passeou a sua classe pela Monumental acompanhado pelo não menos sonante Diamantino Vizeu. Na faena impressionaram tanto Chibanga que este não teve pejo em pedir ao empresário Alfredo Ovelha que o levasse para Lisboa a fim de formá-lo como toureiro. E foi assim que, em 1962, Chibanga, à boleia das Forças Armadas Portuguesas, desembarcou em Lisboa.

Depois de cumprido o serviço militar no exército português, e pela mão de Manuel do Santos, o jovem Ricardo fixou residência na vila ribatejana da Golegã, onde até hoje vive. Aí, supervisionado pelo grande Manuel dos Santos e por José Tinoca, Chibanga inicia-se afincadamente na aprendizagem das lides da tauromaquia, começando pelas garraiadas e vacadas e pelos espectáculos de variedades taurinas.

Finalmente, em 1965, com a praça do Campo Pequeno em Lisboa repleta, Chibanga estreia- se em traje de luces, envergando um fato emprestado por José Trincheira. Nessa mesma tarde, sai em ombros da praça, iniciando uma imparável carreira de consecutivos sucessos que o levaria a pisar arenas de todo o Portugal, Espanha, França, México, Inglaterra, Venezuela, Canadá, EUA, Indonésia, China, Moçambique e Angola.

O perigo da vida na arena levou-o muitas vezes para camas de hospital. “Uma vez, em Sevilha, um toiro deixou- me 16 dias em coma, foi difícil recuperar psicologicamente”, confessou. Acrescentando que “o nervosismo é o factor que mais preocupa os profissionais. Em corridas importantes, passava as semanas anteriores sem dormir. O povo exige muito de nós, muita arte, imaginação e coragem.”

Numa tarde no sul de França, ao brindar ao celebérrimo pintor espanhol Pablo Picasso o segundo touro dessa tarde, foi convidado para um copo depois da corrida em casa do pintor, acabando por sair de lá com quadro cujo valor desconhecia por completo.

Enquanto a saúde permitiu Chibanga, apesar de reformado do capote encarnado, continuou ligado à actividade taurina, percorrendo Portugal com duas praças desmontáveis que transformou no seu ganha pão.

Abril 17, 2014

O TOUREIRO RICARDO CHIBANGA, ANOS 1960

Filed under: 1960 anos, Ricardo Chibanga, TOURADAS — ABM @ 11:39 am

 

O toureiro Ricardo Chibanga, em traje solene, anos 60.

O toureiro Ricardo Chibanga, em traje solene, anos 60.

Janeiro 3, 2012

A PRAÇA DE TOUROS MONUMENTAL, EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 1960

Para ver estas fotografias em tamanho máximo, prima na imagem que quiser ver duas vezes com o rato do seu computador.

A Praça Monumental em Lourenço Marques, a meio caminho entre a cidade de cimento e o Aeroporto. Hoje está em ruínas.

Durante uma tourada.

Novembro 18, 2011

RICARDO CHIBANGA, TOUREIRO DE MOÇAMBIQUE

Filed under: 2010 anos, Ricardo Chibanga, TOURADAS — ABM @ 9:20 pm

O Maestro Chibanga, numa fotografia recente.

O jovem Chibanga pronto a tourear.

Cartaz de uma tourada em que figura Ricardo Chibanga.

O Dr. Christian Barnard, cirurgião cardiologista sul-africano pioneiro em transplantes de coração, cumprimenta Ricardo Chibanga.

Um casaco de tourada de Ricardo Chibanga.

Na Benedita, Ribatejo, os forcados amadores de Santarém falam com o Maestro Chibanga.

O Maestro num jantar no Entroncamento em Julho de 2011.

O Maestro Chibanga com Pedrito de Portugal em Almeirim durante este ano.

Nuno Marques, cabo dos Forcadores da Chamusca, com o Maestro Ricardo Chibanga.

O jornalista Ricardo Relvas com o Maestro no Cartaxo, no dia 1 de Novembro de 2011. Foto do farpasblogue.

Em baixo, um texto de Joaquim Arena, publicado em Novembro de 2010, aquando de mais um aniversário do Maestro Ricardo Chibanga:

Os olhos que agora me observavam eram os mesmos que recordaram o medo ao verem surgir na sua direcção o primeiro touro a sério, na praça de touros do Campo Pequeno, no ano de 1968. Os mesmos olhos que veriam a admiração no rosto do público, nas bancadas, por um africano poder sair-se tão bem na lide de uma besta mortífera de mais de quinhentos quilos. Nas suas casas, os portugueses também viam, nos directos da RTP – quando o sangue era apenas uma pasta escura e brilhante que escorria pelo dorso do animal – , a coragem, os reflexos e a velocidade felina daquela nova figura, que ia ao ponto de enfrentar o touro de joelhos e cuja cor da pele contrastava, furiosamente, com o brilho prateado e reluzente do fato.

Para as crianças de então, a sua coragem não era tão perturbadora nem aflitiva. O super-Chibanga era um novo super-herói. E a impressão de magia que causava na arena era reveladora de toda a beleza dos seus movimentos; da paixão pela sua arte, a de um condutor do espectáculo. No fundo, era o rapaz da Mafalala perseguindo a grandiosidade. E Ricardo Chibanga passou depressa de promessa da arena a estrela em ascensão.

Seguiu-se a Espanha. Sevilha e mais tarde Madrid consagrá-lo-iam definitivamente, e os jornais, entusiasmados com esta nova descoberta, teciam rasgados elogios de página inteira sobre El Africano, e festejavam a chegada do primeiro matador de touros negro da história da tauromaquia. No dia em que a morte roçou-lhe a figura através de uma cornada inesperada nos queixos, os jornalistas acompanharam diariamente o coma de Chibanga, mantendo o mundo da afición num suspense permanente, que haveria de durar várias semanas.

Quando Chibanga finalmente regressou, Picasso declarou aos jornais, do alto dos seus 89 anos, que o moçambicano era dos poucos matadores capazes de o levarem a uma corrida. E nas bancadas o mestre não parava de gritar: “Olé! Chibanga!”

O homem afável de óculos de aros de massa, que de um canto do Café Central da Golegã cumprimenta os amigos, atingiu o estrelato como poucos na sua arte; apertou a mão e conviveu com artistas portugueses e internacionais e jantou com as maiores figuras do seu tempo. Christian Barnard, o cirurgião sul-africano, autor do primeiro transplante cardíaco, e o multimilionário Stanley Ho, fizeram questão de o conhecer pessoalmente e expressar-lhe toda a sua admiração. E o que terão visto nele foi que a grandiosidade que o acompanhava residia na humildade. Que a vida toda lhe pertencia.

O matador africano atravessou o Atlântico para encantar a Monumental do México, as praças da Venezuela, Colômbia, Califórnia, formando, ao lado de Amália Rodrigues e do seu compatriota Eusébio, o triunvirato dos embaixadores de Portugal de maior prestígio, entre os finais das décadas de sessenta e inícios de setenta. No dia da sua consagração, na Maestranza de Sevilha, quando se preparava para tomar a sua alternativa, e a mando do governo português, a RTP deslocou uma equipa de técnicos e jornalistas para relatarem e transmitirem em directo o grande acontecimento.

A mão certeira de outros tempos interrompe a conversa, retira do bolso um lenço e seca a prótese ocular lacrimejante. Certa vez, na arena, conta Chibanga, durante uma lide de joelhos, o touro roçou-lhe o ombro com o flanco e uma das farpas espetadas no dorso do animal destrui-lhe por completo o olho esquerdo.

Depois de se apagarem as luzes das grandes praças internacionais, Chibanga mandou construir uma desmontável e estabeleceu-se como empresário, na região da Golegã, levando as corridas de touros às cidades do interior. Hoje, por onde passa, o velho matador é uma figura querida e estimada, cumprimentada pelos habitantes da região. O brilhantismo da sua carreira está ainda bem vivo nas suas memórias.

Ricardo Chibanga é simples, sem qualquer traço de apoteótico na sua expressão. É óbvio nele o impulso religioso, talvez preenchendo agora mais o espaço onde antes existiram a aventura e o medo. Afinal, matar touros na arena, sob o olhar de milhares de espectadores, não se faz sem um certo grau de religiosidade, uma espécie de liturgia, que pelo menos possa fazer parte de algo grandioso e importante. “A fé, a vontade de triunfar”, podem ser um princípio espiritual e serve para explicar essa vertigem tão antiga e tão profunda, parte da própria condição humana.

Aos 68 anos (completados a 8 de Novembro), Ricardo Chibanga tem uma vida centrada nos amigos, nos outros, não tendo muito tempo para elogios. A sua atenção é bem-humorada, e não se coíbe de ligar a um ou outro amigo famoso para facilitar um encontro com o jornalista. Na sua casa situada da zona histórica da cidade, convida-nos para uma sala ampla com lareira, uma espécie de museu das suas recordações: duas imponentes cabeças de touro na parede, cartazes de corridas espanholas e portuguesas, fotografias, quadros pintados a óleo do matador enquanto jovem, um dossiê repleto de recortes de jornais internacionais.

Mas imagens televisivas das suas corridas não existem: a RTP negou-se a facultar-lhe cópias. É aqui que recebe os amigos. E a sua maior preocupação de momento, confessa, com aquela honestidade típica dos aficionados, é ter tudo pronto a tempo para o próximo São Martinho. Um Mercedes branco solitário, estacionado ali mesmo ao lado, vai ganhando poeira.

A vida heróica entrou agora naquela lassitude em que o regozijo máximo de um momento pode estar num bom bife à casa, servido com batatas, em terra de ganadeiros. A impressão que fica, depois de uma conversa e de um almoço bem-humorados, é a de alguém que procurou sempre a felicidade, empurrado – sem o saber – pela glória; alguém submetido à necessidade de criar qualquer coisa de distinto, um acontecimento onde todos os seus elementos e participantes estariam garantidos pela fé contra a insuficiência da vida. O mundo sem Ricardo Chibanga não teria sido melhor. No seu olhar há amor, o tipo de amor insuflado por alguma coisa inominável, que ao longo da vida o escolheu e lhe foi abrindo portas, sem qualquer tipo de renúncia em troca.

A história da passagem de Chibanga pela Golegã não está destinada a constar apenas nas páginas dos jornais ou revistas da especialidade. Como se não bastasse a memória dos homens, a placa escolhida pela Câmara Municipal para perpetuar o seu nome à sua terra adoptiva: “Rua Ricardo Chibanga, Matador de Touros, aluno da Escola de Toureio da Golegã, que tomou alternativa na Real Maestranza de Sevilha, em 15 de Agosto de 1971” revela toda a ternura que a cidade nutre por ele. Uma homenagem rara ainda em vida a um dos seus filhos mais ilustres.

A mão certeira e implacável de outros tempos afaga o mármore para a fotografia e os dedos percorrem timidamente as palavras da dedicatória. O orgulho e o reconhecimento no olhar. O tique que reconstrói a infância. A longínqua Mafalala na curva do voo de um pássaro. O coração feliz. “Sou um homem feliz, na cidade que eu amo”.

Na pacata Golegã, onde reside, o Maestro junto do marco da rua que aporta o seu nome.

Novembro 11, 2011

RICARDO CHIBANGA, TOUREIRO DE MOÇAMBIQUE, 2010

Filed under: 2010 anos, Ricardo Chibanga, TOURADAS — ABM @ 1:24 pm

Foto de Céuzito da Manga.

Há uma rua na Golegã (Distrito de Santarém, código postal  2150-222 Golegã) com o nome do Maestro.

A 8 de Novembro, Ricardo Chibanga (nascido em Lourenço Marques em 1947) completou 64 anos de idade.

O grande Ricardo Chibanga.

O sítio espanhol Taurologia, contém o seguinte “articulo” sobre o Maestro Chibanga, publicado em 15 de Agosto de 2011 e que aqui transcrevo com vénia – e no original em língua castelhana:

(início)

Título: Um 15 de agosto em Sevilha

Ricardo Chibanga: 40 años de la alternativa del primer torero nacido en África

Un 15 de agosto de ahora hace 40 años, el ruedo de la Real Maestranza de Sevilla fue escenario de la alternativa del primer torero llegado de África: el mozambiqueño Ricardo Chibanga, al que Antonio Bienvenida hizo matador de toros en presencia de Rafael Torres, ante toros de Antonio Pérez y de Pérez Angoso. El nuevo doctor en tauromaquia cortó aquella tarde una oreja. Un torero de mérito, que superó lo más anecdótico: ser el primer torero de alternativa nacido en el continente africano, para convertirse en un torero respetado cuando cogía la espada y la muleta.

Ricardo Paulo Chibanga, el primer matador de toros africano de la historia, nació en Lourenço Marques (Mozambique) el 8 de noviembre de 1947, en el seno de una familia humilde, en la que su padre regentaba una pastelería, mientras que su madre se ocupaba de sus siete hijos, de entre los cuales Ricardo ocupaba el cuarto puesto.

Conviene recordar que por entonces en la que era la capital mozambiqueña existía una plaza de toros, situada además no lejos del domicilio familiar de los Chibanga. Y allí el que luego fuera matador de toros encontró su primer empleo a los nueve años: repartir publicidad de los carteles taurinos por los aledaños del coso, así como en la estación de trenes, para captar la atención de los turista africanos que llegaban cada fin de semana.

De forma tan sencilla se fue despertando en el joven Ricardo su pasión por el mundo de los toros. Según cuenta su hermana mayor, Isabel, cada tarde cuando Ricardo terminaba de trabajar, regresaba a casa con un par de amigos con los que jugaba con un paño rojo y dos palos que él mismo había adornado con cintas, parodiando a las grandes figuras de la época, que en l área de influencia portuguesa por entonces se personificaban en tales como Diamantino Vizeu y Manolo Do Santos.

Ricardo se va acercando al mundo del toro y así consigue que un apoderado portugués se fije en él y le ofrezca ayuda, bien que de una forma peculiar: trataba de montar un espectáculo cómico-taurino en el que Chibanga fuera el protagonista principal. taurino hasta que por fin, un apoderado portugués decide apadrinarlo con vistas a poner en marcha un espectáculo cómico en el que el joven africano fuera el protagonista. Pero en seguida comprueba que aquel traje le estaba pequeño para sus ambiciones: viaja a Portugal y se incorpora a una escuela taurina que funcionaba en la localidad de Golegá. Allí el joven africano comienza verdaderamente su carrera novilleril, que en muy poco tiempo se convierte en triunfal: en los años 68 y 69 en más de 70 novilladas, incluyendo las plazas principales, como Villafranca de Xiles, Santarem o Campo Pequenho.

Pero quedaba la meta principal: dar el salto hasta los ruedos españoles. Y fue un taurino andaluz muy popular en su época, Manuel Carneiro, quien se fijó en él. Y se lo llevó a Sevilla, donde entrenaba con muchachos que entonces quería abrirse camino, entre ellos Rafael Torres y Paco Camino. Es a partir de entonces cuando Chibanga comienza a aparecer en los carteles con el pseudónimo de “El africano”, a raíz de su presentación en el año 67 en la Plaza de San Sebastián de los Reyes. Ya en la temporada de 1970 alcanza la nada despreciable cifra de 64 novilladas.

Y así fue como Ricardo se fue haciendo con un puesto entre los carteles de la época, hasta que culminaría el 15 de Agosto de 1971, cuando toma la alternativa en la Real Maestranza de Sevilla, después de que Antonio Bienvenida le cediera la muerte de un toro de 517 kilos de la res de Pérez Angosto y con Rafael Torres como testigo.

Cuenta el torero que era muy consciente que toda su carrera dependería que lo que hiciera esa tarde, por lo que no podía haber margen de error. Por eso recuerda que “la oportunidad que tenía era única, habían venido muchas personas de Portugal para verme y yo no los podía defraudar, de modo que antes de salir a la plaza le recé a la Virgen de Fátima y a la Macarena para que todo saliera bien. Entonces Bienvenida me dijo: Ricardo, buena suerte, tú puedes ser torero, hay que luchar, hay sufrir, hay que pelear, pero estoy seguro que lo vas a hacer bien. Mucha suerte Ricardo. Me dio un abrazo y yo me emocioné. Y así fue, maté al toro de la primera estocada y corte una oreja, la única que se cortó esa tarde”.

Al día siguiente los periódicos destacan el buen hacer del mozambiqueño en el coso hispalense. “El Correo de Andalucía” citaba textualmente: “contento puede estar el nuevo matador de toros. Al de su alternativa le cortó la oreja, la única cortada esta tarde. Justa y merecida. Toreó, banderilleó, hizo una gran faena de muela y mató bien. Todo completo, todo sobrecargado de valentía y seguridad.”

A partir de esa tarde comienza a recorrer los ruedos de toda España. Pasa y con buenos resultados por Barcelona, San Sebastián o Sevilla, llegando a confirmar su doctorado en Las Ventas. De hecho, al año se la alternativa vuelve un 15 de agosto a Sevilla, y en esta ocasión nada menos que al lado de Curro Romero, quien no ocultaba su preocupación: “la tarde se presentaba calurosa y la gente acudía a la corrida atraídos por la excentricidad que causaba ver a un torero de raza negra, cosa que me preocupaba ya que no sabía nada acerca de Chibanga, no sabía si lo haría bien o mal”. Pero el torero africano, aún sin cortar orejas, volvió a dejar una grata impresión.

Según recuerda en “El Correo de Andalucía” Rafael Torres, compañero de cartel en las dos tardes sevillanas, “Ricardo no sólo sabía torear, sino que era un torero muy completo, pues era de los pocos que se atrevían a poner las banderillas”.

Y como ocurre en todas las carreras taurinas, tras el paso por España, Francia y Portugal, Chibanga trata de probar fortuna en América, donde le esperaban México y Colombia. Pero le quedaba su último sueño: presentarse en la plaza de su Mozambique natal, sueño que julio de 1973, en una corrida que fue todo un acontecimiento nacional.

Durante toda su carrera Ricardo Chibanga sufrió varias cornadas, alguna de ellas de importancia, como la ocurrida en la Monumental de Barcelona. Pero siempre se supo sobreponer.

Se mantuvo en los ruedos hasta 1974, cuando una afección a la vista le obliga a dejarlo. Pero como tantos otros profesionales, decide seguir ligado al mundo del toro, desde entonces organizando festejos por localidades portuguesas con dos plazas portátiles. Y así se mantiene hoy en día, cuando pasa de los 75 [acho que aqui é gralha] años, con la satisfacción de no haber sido una mera anécdota: la de ser el primer matador de toros africano de la historia, sino de contar con el respeto de los profesionales, de su época y de ahora.

Los datos para elaborar este perfil están tomados de:
http://www.elcorreoweb.es/mastoros/128456/leyenda/torero/negro

(fim)

Maio 26, 2011

TOURADAS EM MOÇAMBIQUE, ANOS 60:

Fotos gentilmente enviadas do Texas pelo Walter Gameiro.

Walter Gameiro e Santos Costa, 1966.

Momento da pega do touro.

Aspecto de uma garraiada, 1967.

O Walter Gameiro pronto para atacar o touro.

Os bravos de Xinavane, 1966.

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