Imagens retocadas. O recorte faz parte da colecção de Eduardo Horta. Para esta peça, tentei contactar Manuela, uma filha de Maria Gourinho, na esperança de obter uns recortes e umas fotos, mas sem sucesso.
Realmente devo começar esta abordagem pela capital colonial de Moçambique, onde os quatro filhos de Maria Gourinho (1920-2018), Edmundo, Teresa, Cristina e Manuela, eram conhecidos entre a juventude desportiva de Lourenço Marques, pelo menos na natação e na vela (no caso do Edmundo, que também nadou nos Velhos Colonos), enquanto que a Mãe, Maria Gourinho, era professora de educação física na Escola Comercial Azevedo e Silva e dava aulas de natação a miúdos na piscina do Grupo Desportivo. O marido de Maria Gourinho era veterinário. De vez em quando durante os nossos treinos, Maria Gourinho sentava-se junto da minha Mãe e da D. Ruth Abreu e ficavam a conversar, no que era um ritual do clube. Ainda apanhei uns anos (pois lembro-me) da filha mais nova, a Manuela Gourinho, estar na equipa sénior do Desportivo e de bater uns recordes nacionais na natação.
Uns anos depois veio aquilo de 1974 e toda a gente se foi embora e se espalhou pelo mundo no espaço de dois anos.
Assim, até há uns meses, eu não sabia mais nada sobre Maria Gourinho, que, aprendi com alguma surpresa, foi de longe a melhor nadadora da sua geração em Portugal, entre meados da década de 1930 e início da década de 1940.
Isso descobri através de um trabalho que os jornalistas José Manuel Delgado e Norberto Santos prepararam e que foi publicado no jornal Record em 2 de Outubro de 2002 e que se segue.
As circunstâncias do surgimento desta peça são curiosas. Maria Gourinho, que em 2002 tinha 82 anos de idade e que vivia perto de Lisboa, fora passar umas curtas férias à Ilha madeirense do Porto Santo. E um dia foi nadar na sua conhecida praia. Por coincidência, nesse preciso dia estava na ilha o conhecido político Marcelo Rebelo de Sousa, actualmente presidente da República Portuguesa, que também costuma nadar no mar com alguma assisuidade. Maria, cujo Pai conhecera bem o Pai de Marcelo (Baltazar, médico e que também foi político antes e até 1974 incluindo uma breve passagem de dois anos e meio como Governador-Geral de Moçambique), interpela-o. Depois do encontro, que pelos vistos o deixou de quatro, Marcelo contacta José Delgado no Record e sugere uma entrevista. Segue a peça.
Maria Gourinho viria a falecer em 2018, com 98 anos de idade, deixando três filhos (Manuela, Tina e Edmundo) e uma catrefada de netos.