THE DELAGOA BAY COMPANY

Setembro 13, 2022

FESTIVAL DA MOCIDADE PORTUGUESA EM LOURENÇO MARQUES, ANOS 60

Imagem retocada e colorida, da autoria do grande fotógrafo profissional de Moçambique, Carlos Alberto Vieira.

Por volta dos anos 60, quando eu cresci em Lourenço Marques, a Mocidade Portuguesa, criada pelo regime de Salazar como uma espécie de juventude hitleriana lá do sítio, em Moçambique já era uma tertúlia, misto de meninos que gostavam de fardas, de desportistas ou uma alternativa aos escuteiros. José Luis Salema comenta, correctamente, que em Moçambique a Mocidade providenciou o acesso a imensos desportos e actividades, práticamente de borla, a toda uma juventude. Cerca de 1968 deixou de ser de frequência obrigatória, razão porque eu, que na altura andava na Rebelo da Silva, nunca nela participei (eu nadava no Desportivo). Mas o meu irmão Nando ainda andou lá um ano. À hora de saída da escola, fazia parte de uma equipa que, com umas varas pintadas de branco e vermelho….assegurava que os miúdos que saíam da Rebelo da Silva e da vizinha Escola Rainha Santa Isabel, pudessem atravessar em segurança a Pinheiro Chagas e a rua ao lado onde ficava a Pide.

Claro que não sei onde estava a tropa da Mocidade Portuguesa no dia em 1966 em que ia para a escola e fui atropelado ao lado da Rainha Santa Isabel por uma freira numa daquelas carrinhas Volkswaggen de padeiro. Desmaiei e acordei com uma enorme dor de cabeça no Hospital Miguel Bombarda, a freira, uma enfermeira e a minha Mãe a olhar para mim. Para embaraço da Mãe Melo, a minha primeira reacção foi chamar puta à freira, o vernacular sinalizando que não estaria assim tão mal como isso. A freira benzeu-se, perdoou-me e eu voltei para casa.

O Super-Homem da Mocidade Portuguesa voa durante um festival em Lourenço Marques. Note-se o temeroso Professor Trepa Torres à direita e que foi meu professor de ginástica na General Machado.

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