THE DELAGOA BAY COMPANY

Maio 29, 2024

INAUGURAÇÃO DO ESTÁDIO SALAZAR EM LOURENÇO MARQUES, 1968

Imagem retocada. Suspeito que seja do Carlos ALberto mas não sei.

O estádio, situado na Machava, uma iniciativa do Clube Ferroviário de Moçambique, foi inaugurado em 30 de Junho de 1968 (com um jogo Portugal-Brasil), numa altura em que era da praxe dar o nome do estadista e ditador português a tudo e mais alguma coisa, incluindo em Moçambique. Salazar seria substituído por Marcelo Caetano em 27 de Setembro desse ano. O monumento, construído numa montanha artificial em que no meio fizeram um enorme buraco que era o estádio em si, ficou para a História como o local onde se juntaram as bem-intencionadas hostes à meia noite de 24 para 25 de Junho de 1975, para proclamar a República (Popular) de Moçambique. O Day After, que já dura há cinquenta anos, tem sido o que tem sido. Não antes de se retirar a placa com o nome do António de Oliveira da fachada da tribuna de honra e lhe mudar o nome para, creio, Estádio da Machava, prática que viria a tornar-se numa moda e uma obsessão do novo regime e que dura até hoje (nada contra, a independência ao menos dá para isso). O meu Pai e a minha Irmã Cló estavam lá nessa noite. Eu estava a estudar em Coimbra em 1975 e ouvi o discurso do Grande e Querido Líder num pequeno rádio preto emprestado, que era o que havia. Metade do que Samora dizia não se percebia, mas na altura não interessava. O que contava era o momento. A seguir fui dormir pois tinha escola cedo de manhã. Coimbra, a braços com o Verão Quente e as revoluções pressentidas, tinha também outras prioridades.

Mas fui à inauguração em 1968. Tinha oito anos de idade. Fui num comboio especial (de borla) que foi da Estação de LM para um apeadeiro mesmo ao pé do estádio. Foi a primeira vez que andei de comboio.

Dizem-me que o estádio hoje está meio delapidado, parece que não há sequer uma quinhenta para manter aquilo. Na sua fase de “exaltação nacional”, que parece ter coincidido com aquele negócio das dívidas ocultas, o governo do Mr. Guebuza investiu num novo “estádio nacional” ali para o Zimpeto, obra milionária creio que paga com dinheiro emprestado pelos Queridos amigos da China- que, por sua vez, dizem-me, está também meio delapidado e já precisa de mais uns milhões de dólares para reabilitações e manutenção – que parece que não há pois entretanto a China também anda mal de massas.

O Estádio Salazar, 30 de Junho de 1968.

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