THE DELAGOA BAY COMPANY

Março 3, 2024

GLÓRIAS DO PASSADO DO GRUPO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUES, 1973

Digitalizado e retocado a partir da revista comemorativa do 52º aniversário do GDLM, Janeiro de 1973, gentilmente cedida por Suzana Abreu Barros.

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Lembro-me do Alberto Matos Santos (Águia de Cobre) quando eu era miúdo, ele fazia um part-time como porteiro do Cinema Gil Vicente ali na Avenida Dom Luis e quando eu tinha 12 anos de idade ele deixava-me entrar no cinema à noite (a pagar bilhete) para ver filmes para maiores de 17 anos (naquela altura a censura em LM era lixada, bastava duas bojardas e um biquini mais ousado e o filme era logo classificado para maiores de 17 anos). Eu esperava à porta do cinema até o filme começar e logo a seguir ele escoltava-me para um canto qualquer. Nunca ninguém reparou ou ligou. Vi grandes filmes. Vantagens de ser do Desportivo….

2 de 2. Em cima à direita, menção da edificação do estádio de futebol do Desportivo, construído totalmente em pouco mais que um mês, para receber o Benfica de Portugal creio que em 1949. Uma história incrível a qualquer título.

Junho 22, 2023

MARIA GOURINHO – NADADORA, FORMADORA E CAMPEÃ PIONEIRA DA NATAÇÃO PORTUGUESA

Imagens retocadas. O recorte faz parte da colecção de Eduardo Horta. Para esta peça, tentei contactar Manuela, uma filha de Maria Gourinho, na esperança de obter uns recortes e umas fotos, mas sem sucesso.

Em Lisboa, Portugal, verão de 1940. Maria Gourinho, com 20 anos de idade, é a terceira de pé a contar da esquerda. Maria Esther Cabral também seria pioneira do basquet feminino português, jogando pelo Sport Algés e Dafundo.

Realmente devo começar esta abordagem pela capital colonial de Moçambique, onde os quatro filhos de Maria Gourinho (1920-2018), Edmundo, Teresa, Cristina e Manuela, eram conhecidos entre a juventude desportiva de Lourenço Marques, pelo menos na natação e na vela (no caso do Edmundo, que também nadou nos Velhos Colonos), enquanto que a Mãe, Maria Gourinho, era professora de educação física na Escola Comercial Azevedo e Silva e dava aulas de natação a miúdos na piscina do Grupo Desportivo. O marido de Maria Gourinho era veterinário. De vez em quando durante os nossos treinos, Maria Gourinho sentava-se junto da minha Mãe e da D. Ruth Abreu e ficavam a conversar, no que era um ritual do clube. Ainda apanhei uns anos (pois lembro-me) da filha mais nova, a Manuela Gourinho, estar na equipa sénior do Desportivo e de bater uns recordes nacionais na natação.

Uns anos depois veio aquilo de 1974 e toda a gente se foi embora e se espalhou pelo mundo no espaço de dois anos.

Assim, até há uns meses, eu não sabia mais nada sobre Maria Gourinho, que, aprendi com alguma surpresa, foi de longe a melhor nadadora da sua geração em Portugal, entre meados da década de 1930 e início da década de 1940.

Isso descobri através de um trabalho que os jornalistas José Manuel Delgado e Norberto Santos prepararam e que foi publicado no jornal Record em 2 de Outubro de 2002 e que se segue.

As circunstâncias do surgimento desta peça são curiosas. Maria Gourinho, que em 2002 tinha 82 anos de idade e que vivia perto de Lisboa, fora passar umas curtas férias à Ilha madeirense do Porto Santo. E um dia foi nadar na sua conhecida praia. Por coincidência, nesse preciso dia estava na ilha o conhecido político Marcelo Rebelo de Sousa, actualmente presidente da República Portuguesa, que também costuma nadar no mar com alguma assisuidade. Maria, cujo Pai conhecera bem o Pai de Marcelo (Baltazar, médico e que também foi político antes e até 1974 incluindo uma breve passagem de dois anos e meio como Governador-Geral de Moçambique), interpela-o. Depois do encontro, que pelos vistos o deixou de quatro, Marcelo contacta José Delgado no Record e sugere uma entrevista. Segue a peça.

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3 de 4. À direita, a primeira parte da crónica de Marcelo Rebelo de Sousa.
4 de 4. À direita, a segunda parte da crónica de Marcelo Rebelo de Sousa.

Maria Gourinho viria a falecer em 2018, com 98 anos de idade, deixando três filhos (Manuela, Tina e Edmundo) e uma catrefada de netos.

Uma peça do Sport Illustrado creio que do Rio de Janeiro, Março de 1937, sobre os “sportistas” e sportswomen” mais simpáticos de Portugal (!), vencido pela nadadora Margarida Salazar Carreira, seguida pela nadadora mas mais conhecida basquetebolista pioneira do Sport Algés e Dafundo, Maria Luisa Moniz Pereira (hum, será família do Professor Mário Moniz Pereira?). Maria Gourinho ficou em terceiro lugar. Nos homens venceu Guilherme Espírito Santo, que jogava futebol e fazia salto em altura, seguido pelo lendário futebolista Fernando Peyroteo.
A nadadora Margarida Salazar Carreira, contemporânea de Maria Gourinho, mencionada na peça em cima como “a bella e insinuante sportswoman portuguesa…”. Hum.
Mais duas “estonteantes” nadadoras portuguesas concorrentes de Maria Gourinho.
Nesta entrevista de Alexandrina Pinto à revista Stadium em 1943, a então campeã de natação portuguesa, ainda hoje vagamente recordada no Futebol Clube do Porto e que também nadou no Feminino Athletic Clube, refere as valiosas lições dadas por Maria Gourinho, que viveu no Porto uns tempos.
O ímpeto notório que Maria Gourinho representou parece que foi seguido de uma pequena travessia do deserto para a natação feminina portuguesa. Em cima, numa peça de Abreu Torres de 1945, a nadadora Rosa Lopes anuncia que vai deixar de nadar em competições. Por esta altura, Maria Gourinho já tinha casado e penso que já tinha tido o filho mais velho, Edmundo. Posteriormente, iria viver com o marido e o filho em Angola, onde nasceriam Tina, Teresa e Manuela. Em 1958, foram viver para Moçambique, primeiro um ano na pacata Inhambane, e depois em Lourenço Marques. Ficariam em Moçambique – corajosamente – até 1977, ou seja, ainda levaram com dois anos do “novo Moçambique”, cortesia da Frente de Libertação de Moçambique. Mas, quiçá já de saco cheio com a “revolução”, fizeram as malas – o que lhes deixaram levar – e foram viver para os arredores de Lisboa, em Portugal.

Maio 29, 2023

RUI DOS SANTOS LIBÓRIO NO ATLETISMO DO SPORTING CLUB DE LOURENÇO MARQUES, DÉCADA DE 1930

Filed under: 1930 anos — ABM @ 3:00 pm

Imagens do seu filho Mário, retocadas e coloridas.

Corredores do Sporting Lourenço Marques antes de uma competição. Notoriamente, a roupagem era feita manualmente por costureiras, donde resultaram alguns leões mais criativos que outros. Segundo o Vasco Freitas, o Rui Libório é o nº 36.

Capa do cartão de Sócio Nº482 do Sporting LM, Rui dos Santos Libório, emitido a 28 de Abril de 1935.

Interior do Cartão de Identidade de Sócio do SCLM.

Fevereiro 4, 2023

A EQUIPA DE FUTEBOL DO SPORTING DE LOURENÇO MARQUES, CAMPEÃ NA ÉPOCA DE 1933-34

Filed under: 1930 anos, Equipa Sporting LM — ABM @ 1:59 pm

Imagem retocada.

O Sporting ganhou muitos dos primeiros campeonatos de Moçambique. Que na altura, na prática, se cingia a Lourenço Marques.

Março 2, 2020

MATATEU E VICENTE LUCAS: AS ESTRELAS DE MOÇAMBIQUE NO CENTENÁRIO DO BELENENSES

Texto e foto copiados com vénia de um artigo publicado no Jornal de Angola em 27 de Setembro de 2019, que remete a um trabalho feito por Nuno Fernandes, jornalista do Diário de Notícias, ligeiramente editado por mim e com uma nota no final.

(início)

 

Os dois irmãos.

 

“Fomos à PIDE. Eu, deixando o braço em baixo, disse que me esquecera de o levantar. Não houve mais problemas porque o Belenenses moveu influências. Nunca fui político, mas embirrava com aquelas coisas do fascismo. O Barreiro era foco de comunistas opositores ao regime e eu era amigo de muitos. Mas fiz aquilo sem premeditação, foi um acto natural”, contou Quaresma, anos mais tarde, ele que morreu em Dezembro de 2011. Na revista Stadium, na altura, saiu uma fotografia retocada pela censura em que os jogadores apareciam com os dedos esticados.

Nas décadas de 1950 e 1960 actuaram no Belenenses as duas maiores figuras de sempre do clube. Matateu e o seu irmão Vicente Lucas. Começaram por brilhar nas Salésias, na Ajuda, mas depois mostraram-se no Estádio do Restelo, inaugurado a 23 de Setembro de 1956, no espaço de uma antiga pedreira cedida pela Câmara Municipal de Lisboa, com vista para o Tejo e para a Torre de Belém.

A Oitava Maravilha do Mundo

Nascido em Lourenço Marques, Matateu chegou ao clube de Belém em 1951, oriundo do Grupo Desportivo 1.º de Maio, filial do Belenenses – ganhou 30 contos de luvas e auferia 1600 escudos de salário por mês. Logo na estreia pelos azuis, nas Salésias, nesse mesmo ano, frente ao Sporting, deixou o seu cartão-de-visita: marcou dois golos na vitória do Belenenses por 4-3 e deixou o campo carregado em ombros.

“Os adeptos azuis, em completo delírio, invadiram o campo e levaram-no em ombros até à cabina. Disse-se então, e era verdade, que pela primeira vez em Portugal homens de raça branca levaram em ombros e em triunfo um homem de raça negra”, pode ler-se num texto no sítio oficial do Clube de Futebol Os Belenenses na internet.

O avançado, que além dos golos também se destacava pelas assistências, nunca conseguiu ser campeão de Portugal (esteve perto, em 1955, ano em que o Belenenses perdeu o campeonato a quatro minutos do fim, ao consentir um empate com o Sporting), mas tornou-se uma figura da selecção portuguesa e um dos melhores jogadores a actuar em Portugal – apontou mais de 200 golos na carreira e foi o melhor marcador do campeonato por duas vezes (1952-53 e 1954-55).

Matateu brilhava no Belenenses, mas foi ao serviço da selecção portuguesa que ganhou projecção internacional. Como num jogo em Maio de 1955, contra a Inglaterra, quando fez a assistência para o primeiro golo marcado por José Águas e depois fez o 2-1 para Portugal (que venceu por 3-1), com um grande golo, depois de driblar vários adversários e bater o guarda-redes Williams.

“Um negro, sempre sorridente, natural de Moçambique, África Oriental Portuguesa, é esta noite o rei do futebol português. Em Moçambique foi-lhe dado o nome de Lucas da Fonseca, mas há muito tempo que já ninguém se preocupava com isso. Passaram a chamar-lhe Matateu – um cognome que significa a ‘Oitava Maravilha do Mundo’ – desde que começou a driblar como um mago e a chutar como um canhão. E foi essa Oitava Maravilha do Mundo do futebol que rebaixou e humilhou uma Inglaterra destroçada”, podia ler-se à data no jornal inglês Daily Sketch.
Também a France Football rendeu-se ao talento de Matateu pelos grandes jogos que fez com a camisola do Belenenses na Taça Latina, diante dos colossos Real Madrid e AC Milan. “Alfredo Di Stefano cede o seu lugar de vedeta a Matateu, o extraordinário negro de Moçambique. “Esperava-se Di Stefano e tivemos Matateu. Uma revelação!”, lia-se na prestigiada revista francesa.

Matateu, que bebia várias cervejas por dia e até no intervalo dos jogos, foi brilhando com a camisola do Belenenses e de Portugal e na época 1963-64, com 37 anos, deixou os azuis, representando depois o Atlético, Amora, Desportivo de Gouveia e Chaves, antes de se radicar no Canadá, falecendo em Janeiro de 2000, aos 72 anos.

O Corta Vicente que secou Pelé

Matateu já era uma estrela dos azuis e da selecção de Portugal, quando o seu irmão Vicente Lucas assinou pelo Belenenses, em 1954, o único clube que o extremo-esquerdo representou durante a curta carreira e do qual é ainda hoje a maior referência viva.

“Primeiro fui o irmão do Matateu, depois fui ‘o gajo que era bom’ e só depois o Vicente Lucas ou o Pézinhos de Lã. Depois fui o Corta Vicente. Na altura, o futebol era rei na rádio. Nos relatos, quando iam descrever um lance meu, era sempre a mesma coisa: ‘Corta, Vicente.’ Ainda hoje, é uma forma carinhosa de me lembrarem o jogador que fui. Se cortas ou roubas a bola ao Pelé, tens o currículo feito, mas eu fui mais do que isso”, contou numa entrevista ao Diário de Notícias, em Agosto de 2018.

E lá está… Pelé. Apesar de insistir que a sua carreira foi mais do aquele célebre jogo pela selecção de Portugal no Mundial de 1966, contra o Brasil, no qual secou o rei Pelé, esse jogo ficou para a história:

“Foi uma coincidência marcar o Pelé. Acho que naquela altura não havia isso da táctica. O Otto Glória, que treinava o Belenenses e conhecia o Pelé, disse-me assim: ‘Fica de olho nele, se ele for à casa de banho tu vais com ele.’ Eu tentei, ele fugia pela esquerda, pela direita, pelo meio… Um jogador daqueles não se podia marcar, era difícil, um jogador extraordinário que não tinha um lugar certo para jogar. Marquei-o e não me saí mal. Não sei como o fiz, mas fiz.

E nós ganhámos por 3-1. Mas digo-lhe uma coisa: nem Pelé nem Eusébio se comparavam ao Matateu. E não digo isto por ser meu irmão, mas porque era um jogador do caraças.”

Quando o Belenenses defrontou o Real Madrid e o AC Milan na Taça Latina, a revista France Football, que tantos elogios fez ao seu irmão Matateu, também destacou Vicente Lucas:

“Confirmou toda a sua classe. Com um estilo e uma souplesse magnífica, efectua um vai e vem contínuo. Com 19 anos, Vicente Lucas é, sem dúvida alguma, um dos melhores médios europeus.”

O ano de 1966 ficou marcado pelos melhores (Mundial, onde Portugal brilhou e garantiu o terceiro lugar) e também pelos piores motivos, pois foi nesse ano que Vicente Lucas teve um grave acidente de carro e perdeu um olho, uma fatalidade que o obrigou a pôr um ponto final na carreira de jogador de futebol aos 30 anos.

O Belenenses: um clube com história de treinadores

Fundado a 23 de Setembro de 1919, num banco de jardim em Belém, o Clube de Futebol Os Belenenses completou segunda-feira (Setembro de 2019) 100 anos de existência. Um centenário cheio de histórias, de momentos e figuras, cujo ponto desportivo mais alto terá sido alcançado em Maio de 1946, precisamente o mês e o ano em que o clube foi campeão de Portugal pela primeira e única vez.

Desta equipa do Belenenses que foi campeã l (antes tinha ganho o Campeonato de Portugal em três ocasiões, 1927, 1929 e 1933) fazia parte uma das grandes figuras do clube, Artur Quaresma, que nesse ano de glória participou em 22 jogos e marcou 14 golos, ele que representou o emblema do Restelo entre 1936 e 1948.

Artur Quaresma foi um dos três jogadores do Belenenses que num célebre jogo entre as selecções de Portugal e Espanha, em Fevereiro de 1938, nas Salésias, numa partida combinada entre Salazar e Franco, teve a coragem de desafiar o regime. Numa altura em que era tocado o hino e jogadores e público se levantaram de braço estendido a fazer a saudação fascista, num estádio cheio de figuras ligadas ao regime e embaixadores da então Itália fascista e da Alemanha nazi, três jogadores, todos do Belenenses, recusaram-se a seguir o exemplo. Artur Quaresma manteve as mãos atrás das costas; Simões e Amaro fecharam o punho. O gesto saiu-lhes caro.

Artur Quaresma, Matateu e Vicente Lucas foram alguns dos melhores futebolistas da história centenária do Belenenses, clube que actualmente actua nos distritais, depois de em 2018 ter tomado a decisão de se separar da SAD e começar tudo de novo. Além do campeonato de Portugal conquistado, em 1945-46, o Belenenses ganhou também três Taças de Portugal (1941-42, 1959-60, 1988-89).

O clube da Cruz de Cristo tem também uma história feita de treinadores, casos de Otto Glória, que orientou os azuis entre 1959 e 1961, depois de ter deixado o Benfica. Ou Fernando Riera, o chileno que esteve ao comando do clube entre 1954 e 1957 e que depois viria a transferir-se para o Benfica, onde perdeu a final da Taça dos Campeões Europeus de 1962-63.

Entre Otto Glória e Fernando Riera, o Belenenses teve como treinador Helenio Herrera, técnico franco-argentino que tinha ganho dois campeonatos espanhóis pelo Atlético de Madrid anos antes e que mais tarde, já na década de 1960, depois de ter passado pelo Barcelona, onde foi duas vezes campeão espanhol, viria a ficar na história do Inter Milão – além de três títulos de campeão italiano venceu duas Taças dos Campeões Europeus.

Helenio Herrera foi um dos grandes dinamizadores do catenaccio, uma táctica defensiva, com marcação homem a homem, onde surge um líbero a apoiar os quatro defesas, que já tinha sido utilizada por vários treinadores (a primeira vez pelo austríaco Rappan na década de 1930 e depois já em Itália por Nereo Rocco), mas que no Inter de Milão teve um enorme sucesso.

(fim)

 

Novembro 7, 2018

CAMPEONATO DE TÉNIS ANUAL DO LOURENÇO MARQUES LAWN TENNIS CLUB, 1933

Filed under: 1930 anos, Campeonato LM Lawn Tennis Club 1933 — ABM @ 4:10 pm

O Ilustrado de Lourenço Marques, Nº, 1 de Junho de 1933, p.88.

Imagem retocada.

 

O recorte do Ilustrado de LM, Junho de 1933

RECORTES DESPORTIVOS DE LOURENÇO MARQUES, ABRIL DE 1933

O Ilustrado de Lourenço Marques, Nº2, 15 de Abril de 1933, p.23. Imagem retocada.

 

A “página desportiva” da revista ilustrada do Notícias de Lourenço Marques, com imagens de futebol, ténis, equitação e … aviação.

Novembro 4, 2018

FESTIVAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO LICEU 5 DE OUTUBRO EM LOURENÇO MARQUES, 1933

Filed under: 1930 anos, Festival do Liceu 5 de Outubro 1933 — ABM @ 9:09 pm

Recorte de O Ilustrado, publicado em Lourenço Marques, edição Nº16, de 15 de Novembro de 1933, página 323. 

Imagem retocada por mim.

A referência ao “liceu” é ao Liceu 5 de Outubro, que funcionou na mais tarde Escola Comercial em frente à agora desaparecida Pastelaria Cristal.

As imagens foram tiradas no então recentemente inaugurado campo de futebol do Sporting de Lourenço Marques.

Recorte de O Ilustrado, 1933.

Maio 13, 2018

SPORTING CLUBE DE LOURENÇO MARQUES: UMA BREVE HISTÓRIA

O original deste interessante texto encontra-se no sítio Forum SCP AQUI e é copiado com vénia ao autor, que não sei quem é. Os títulos, as imagens e alguma edição menor são meus. De destacar que alterei a data da fundação do Sporting de 3 para 6 de Maio de 1920, que é a data que o clube sempre indicou como sendo a data.

História do Sporting Clube de Lourenço Marques

As origens do Sporting Clube de Lourenço Marques encontram-se em 1915, quando um grupo de estudantes do Liceu 5 de Outubro formaram uma equipa de futebol, a que decidiram chamar Sporting, por a maioria ser adepta do Sporting Clube de Portugal. Esse grupo incluía Jorge Belo, Júlio Belo, José Agent, António Amorim, Manuel Dias, João Amorim, Abel Cardoso, Luís Cardoso, Luís Maria da Silva, João Carvalho, José Roque de Aguiar, e A. Gonçalves.

Este foi o núcleo que, cinco anos depois, sendo o Sporting Clube de Lourenço Marques já um clube importante na região, decidiu legalizar o clube. No dia 6 de Maio de 1920, considerado nos estatutos como a data oficial da fundação do clube, vinte sócios fundadores realizaram uma assembleia geral onde foram votados os estatutos, cuja aprovação foi requerida ao Governador-Geral a 15 desse mês e a qual foi concedida em 21 de Julho de 1920.

Esses fundadores foram Jorge Belo, Joaquim Duarte Saúde, José Roque de Aguiar, Peter Mangos, António José de Sousa Amorim, Alberto Gonçalves Túbio, Júlio Belo, José Nicolau Argent, Edmundo Dantes Couto, Manuel Sousa Martins, José Miguens Jorge, José Mendes Felizardo Martins, Alfredo Carlos Sequeira, João Carvalho, Manuel Dias, José Lopes, António Pimenta Freire, Augusto Gendre Ferreira, António Maria Veiga Peres, Abílio Carmo, João de Freitas e Fernando de Figueiredo Magalhães.

Note-se que a maioria dos fundadores era menor de idade, e o requerimento de legalização foi subscrito por pessoas que não participaram na reunião fundacional de 6 de Maio.

Rapidamente o Sporting de Lourenço Marques se tornou num dos mais importantes clubes desportivos de Moçambique, não se limitando ao futebol.

Em Março de 1923 o Dr. Aurélio Galhardo encetou negociações com o clube moçambicano para que este se tornasse Filial leonina. Assim, o Sporting Clube de Lourenço Marques tornou-se a Filial nº 6 do Sporting Clube de Portugal, e assim se manteve até 1975.

Detalhe de uma peça do suplemento do Notícias de Lourenço Marques, alusiva à inaugração, em Julho de 1933, da nova sede e campo de futebol do Sporting LM.

Em 1975, já após a independência de Moçambique, tornou-se Sporting Clube de Maputo, para em 1977 assumir a designação actual – Clube de Desportos da Maxaquene. Entre Dezembro de 1981 e Fevereiro e 1982, o clube chamou-se Asas de Moçambique, voltando a ser Maxaquene após três meses como Asas. O Maxaquene adoptou como cores o azul e vermelho, mantendo actividade desportiva nas modalidades de futebol e andebol.

Afinal Black was Beautiful in Sporting LM ?

Segundo os testemunhos de antigos jogadores de futebol do Sporting de Lourenço Marques, Naldo Quana, Joaquim Aloi, Miguel Vaz e Leovelgildo Ferreira, que transitaram para o Maxaquene, antes da independência o clube “era selectivo. Para os negros jogarem no Sporting ou tinham que ser jogadores com a qualidade de Eusébio da Silva Ferreira ou, então, tinham que ter alguém que os apadrinhasse”. Os seus dirigentes e atletas proviriam principalmente da Polícia e dos Serviços Municipalizados de Água e Electricidade (SMAE).

No entanto, isto era decorrente, não de uma decisão do Sporting de Lourenço Marques, mas sim de uma “proibição da utilização de negros sem alvará de assimilação” no futebol.

Efectivamente, José Craveirinha, um dos maiores poetas de Moçambique e figura maior da literatura de língua portuguesa, galardoado em 1991 com o Prémio Camões, enalteceu “o rasgo de puro e desassombrado desportivismo” que representara, na época de 1951/52, o “caso absolutamente ímpar” da “apresentação, nas pistas de atletismo, de alguns atletas negros puros, envergando a alegadamente tão susceptível, até aí, camisola do Sporting local.” Mais ainda, os sino-moçambicanos de Lourenço Marques praticavam desporto no Sporting.

Futebol

O Sporting de Lourenço Marques foi um dos mais importantes clubes de futebol de Moçambique, tendo conquistado múltiplos troféus. Chegou a participar na Taça de Portugal: de acordo com Nuno Martins, jogador/treinador, “cabia na maior parte das vezes a Moçambique decidir com Angola a oportunidade de jogar os oitavos-de-final da Taça de Portugal aqui no Continente. Ganhei duas vezes, por duas vezes vim com o Sporting de Lourenço Marques à Taça de Portugal. A primeira, da qual fez parte o Eusébio, tenho até a placa de quando cá viemos. Nessa primeira vez jogámos com o Belenenses nos quartos-de-final, na segunda jogámos com o Sporting Clube de Portugal e fizemos de Alvalade ‘a nossa casa’, embora tivéssemos ficado alojados no Vila Parque e no Parque Eduardo VII, ficámos alojados nessa unidade hoteleira, mas servimo-nos de Alvalade como nossa casa para tudo o que fosse preciso, cuidados primários de assistência e até dos próprios treinos. Recordo-me ainda com mais saudade dessa eliminatória frente ao Sporting para a Taça de Portugal, porque perdemos a primeira mão em Alvalade num sábado por 3-1, e recebi um telegrama vindo da rapaziada de um café da Baixa de Lourenço Marques, ao meu cuidado, a pedir que prescindíssemos da 2ª mão porque a derrota por 3-1 era suficiente e todos já estavam galvanizados, entusiasmados. Mas não, fizemos a 2ª mão, como era obrigatório, e perdemos por 3-2, e por duas vezes tivemos o 3-3 nos pés”.

Moçambique era nessa altura um viveiro de talentos futebolísticos. Jogadores que depois vieram jogar pelo Sporting Clube de Portugal incluiram, por exemplo, Juca, que começou no Sporting de Lourenço Marques como guarda-redes, mas que, tendo como concorrente o Costa Pereira que depois representou o Benfica e a Selecção Nacional, passou para médio, lugar onde fez uma brilhante carreira. Hilário, que se tinha estreado como júnior no Atlético, transferiu-se para o Sporting de Lourenço Marques a troco de um emprego nos SMAE, e da Filial nº 6 foi para a casa-mãe. Outros jogadores do que fizeram o mesmo caminho foram por exemplo Morais Alves e Armando Manhiça.

Hilário, na 2ª Série de Ídolos do Desporto”, 24 de Outubro de 1959. Estava hà cerca de um ano no Sporting.

O Caso do Eusébio

No entanto, o mais famoso jogador do Sporting Clube de Lourenço Marques foi, para além de Hilário, o Eusébio,  que se notabilizou ao serviço do Benfica e da Selecção Nacional.

O jovem Eusébio.

Eusébio chegou ao Sporting de Lourenço Marques em 1958, depois de ter sido rejeitado pelo vizinho Grupo Desportivo Lourenço Marques, actual Grupo Desportivo de Maputo. No Sporting, Eusébio jogou durante somente duas temporadas no escalão de juniores, quando tinha 16/17 ou 17/18 anos de idade. Foi aí que Eusébio aprimorou, sozinho, o seu potente remate com o pé direito, pegando em três bolas e ensaiando remates de meio-campo para uma baliza sem guarda-redes.

A equipa de futebol do Sporting de Lourenço Marques, cerca de 1960. Atrás, à esquerda, a sede do Clube, inaugurada em 1933.

A história da sua transferência do Sporting de Lourenço Marques para o Benfica é pouco clara, mas diz-se que teria sido “raptado” por elementos do clube encarnado para embarcar no avião horas antes do check-in dos passageiros com destino à Metrópole. Isto é negado pelo próprio, que disse, com clara falta de memória pelas cores que primeiro envergou, “dizem que fui roubado pelo Benfica, mas foi ao contrário. O Sporting é que queria raptar-me, mas não conseguiu porque não gosto nada do Sporting.” Certo é que o Sporting de Lourenço Marques utilizou o dinheiro que recebeu por esta transferência para construir o seu Pavilhão dos Desportos.

O estádio coberto do Sporting LM inaugurado nos anos 60, pago em parte, segundo o texto, com a receita da transferência de Eusébio. Em primeiro plano, o campo de futebol, inaugurado cerca de Julho de 1933.

Numa entrevista ao Expresso publicado no dia 12 de Novembro de 2011, Eusébio declarou que o Sporting de Lourenço Marques “era o clube da Polícia e dos racistas”. Estas afirmações foram prontamente desmentidas por antigos jogadores do clube que com ele lá jogaram. Entre eles contam-se Hilário, que disse “o Eusébio não sofreu na pele essa situação” e, segundo as suas próprias palavras “fui o primeiro preto a jogar no Sporting de Lourenço Marques e sempre fui muito bem tratado. (…) Depois de mim, foram muitos pretos, brancos e mulatos que ingressaram no Sporting de Lourenço Marques.” Também Braga Borges, antigo jogador do Sporting de Lourenço Marques, declarou “Se éramos um clube elitista e racista, ele que explique então porque saíram do “seu” Desportivo, para jogar no Sporting, o Satar e o Merali, que eram indianos, e o Sérgio Albasini, que era mestiço. Eu avivo-lhe a memória: a dupla de centrais era composta por Satar (indiano) e Rangel (misto/chinês); o avançado centro, Maurício, era preto (para não falar do próprio Eusébio); havia ainda Morais Alves, Roberto da Mata, Madala, etc. etc. etc., todos de raças diferentes. (…) Então e quando o Sporting era convidado a participar em torneios na África do Sul (na época do apartheid) e uma das exigências para a participação era a equipa não incluir atletas pretos, o que é que os dirigentes do Sporting faziam? Não ia ninguém, declinava os convites!”

Satar.

 

Sérgio Albasini.

Basquetebol

O Sporting Clube de Lourenço Marques desenvolvia não apenas o futebol, mas diversas outras modalidades. Foi um clube emblemático do basquetebol português dos anos 1960 e 1970, começando em 1962, ao vencer a Taça de Portugal. A partir da época de 1965/66 foi criada, pela Federação Portuguesa de Basquetebol, a Fase Final do Campeonato Nacional que englobava o Campeão da Metrópole, o de Angola e o de Moçambique e que se realizaria pela primeira vez em Lisboa. O Sporting Clube de Lourenço Marques veio a conquistar o título máximo nacional por quatro vezes, uma das quais acabou por não contar devido a protesto.

Uma grande equipa de basquet do Sporting LM.

Pontificavam entre outros Mário Albuquerque, um dos melhores basquetebolistas portugueses de todos os tempos, Nélson Serra, eleito atleta de Moçambique do Ano em 1972, Rui Pinheiro, Tomané e Luís Almeida. Todos estes jogadores transitaram para a equipa de Basquetebol do Sporting Clube de Portugal que ganhou uma série de troféus, começando com a Taça de Portugal em 1974/75 e o Campeonato Nacional em 1975/76, menos Luís Almeida que chegou a treinar com o Sporting mas acabou por não ficar. Ao responder à pergunta “Qual foi a melhor equipa da qual fez parte?”, Rui Pinheiro respondeu “a do Sporting Clube de Lourenço Marques, sem dúvida. Esperando não me esquecer de ninguém, a equipa era composta por, além de mim: Mário Albuquerque, Nelson Serra, Tomané, Victor Morgado, Terry Jonshon, João Romão, Luís Almeida, Belmiro Simango, Morais e Periquito.”

Jogadoras de basquet do Sporting LM, anos 50. Imagem do inigualável Francisco Velasco.

Outras modalidades

O Sporting Clube de Lourenço Marques teve ainda secções de Hóquei em Patins, onde Francisco Velasco, várias vezes Campeão Latino, Europeu e Mundial, foi treinador-jogador a partir de 1964; de Atletismo; de Natação, que treinava na piscina dos Velhos Colonos, hoje da Associação de Natação de Maputo; de Tiro, com uma carreira de tiro inaugurada em 1952, e ainda de Judo.

Convite para a inauguração da carreira de tiro do Sporting LM, 1952.

Palmarés de Futebol

Campeão Distrital de Lourenço Marques em 1922, 1930, 1933, 1938, 1940, 1943, 1948, 1953, e 1960
Campeão de Moçambique em 1960 e 1962

 

Referências

Jornal Sporting de 24 de Dezembro de 1971
O futebol português em Moçambique como memória social, Nuno Domingos, Cadernos de Estudos Africanos, 9/10 (2006) 113-127
Livro de ouro do Mundo Português – Moçambique, p. 57
Ver a Tábua Biográfica da Fotobiografia do Sporting Clube de Portugal, Rui Guedes, Publicações Dom Quixote – Intercultura, 1988.
No site do Maxaquene.
Ver Triplo V
Gazeta da comunidade chinesa de Moçambique, Nº 2, Verão 2003.
Ver entrevista.
Correio da Manhã de 4 de Dezembro de 2008
Expresso, Revista Única de 12 de Novembro de 2011
Jornal Sporting de 22 de Novembro de 2011
Expresso on-line 30 de novembro de 2011
Planeta Basket
Revista Tempo nº 83 de 9 Abril de 1972.
Ver o Armazém Leonino e o blogue Delagoa Bay
Ver entrevista no Planeta Basket
Ver a sua biografia
Ver o blogue Delagoa Bay

Abril 16, 2018

TORNEIO DE TÉNIS “TAÇA NALLY” EM LOURENÇO MARQUES, 1934

Filed under: 1930 anos, Bento Salema, José Aniceto da Silva — ABM @ 10:00 pm

Recorte d’O Ilustrado, 1 de Abril de 1934, Nº24, página 559.

 

Janeiro 2, 2012

RUI NOVAIS LEITE MONTEIRO: CELEBRANDO UMA VIDA

Rui Novais Leite Monteiro, falecido em 30.12.2011, aqui em 2005.

O nome de Rui Novais Leite Monteiro, que faleceu na passada sexta-feira aos 90 anos de idade, ficará para sempre associado à história da navegação aérea em Moçambique, em particular ao Aero Clube de Moçambique, de que foi um dos mais activos participantes. O seu apelido perdura em Moçambique hoje através do seu filho, Rui Monteiro.

Se o exmo. Leitor quiser saber mais sobre quem ele foi e o que fez, recomendo a consulta ao excelente blogue Voando em Moçambique, magnificamente mantido pela Sra. D. Luísa Hinga e Sr. José Vilhena, de quem copiei hoje uma excelente nota biográfica e duas fotografias, que reproduzo em seguida, com alguma edição minha e informação adicional referida pelo Sr. Coronel Manuel Bernardo numa nota que escreveu a 31.12.2011 no inigualável Macua Blogs.

Os rapazes do Aero Clube de Moçambique. Da esquerda: Jaime Fajardo, Paulo Cunha, John Murray, Artur Cardoso, Rui Monteiro e Rui Lacueva.

Rui Novais Leite Monteiro nasceu a 22 de Junho de 1921 em Moçambique e desde sempre ali residiu. Decano dos pilotos aviadores privados em Portugal à altura do seu falecimento, possuía mais de 3.500 horas de voo e 14.000 aterragens na sua longa carreira de piloto e de instrutor.

Vindo de Moçambique, onde nascera, em Portugal treinou e voou pela primeira vez a 09 de Setembro de 1939, desde logo a solo, num “pairador” Schulgleiter lançado por cabos elásticos no Monte Maria Dias (Algueirão-Sintra), na então Escola de Aviação Bartolomeu de Gusmão promovida pela Mocidade Portuguesa em parceria com o Aero Clube de Portugal.

Participou num curso com dezoito alunos e uma duração de quinze dias, dirigido pelo Dr. João Pinto Coelho e sendo seu instrutor o alemão Schurke (campeão do Mundo de Voo à Vela). O voo de Rui Monteiro teve a duração de 17 segundos. Foi brevetado como piloto privado em 1940 no Aero Clube de Braga, campo de aviação de Palmeira, tendo efectuado o seu primeiro voo a solo a 3 de Dezembro de 1939 num pequeno monomotor Taylor Cub J-2 de 40 cavalos, “CS-AAU”.

Foram seus instrutores Roberto Sameiro e Esteves de Aguiar, num curso igualmente promovido pela Mocidade Portuguesa, a título gracioso, mas com o compromisso de entrar como piloto miliciano da então Aeronáutica Militar. Foram seus colegas o Cte. Amado da Cunha (TAP), Manuel Cardoso, José Manuel Soares e Artur Zanha.

Regressado a Moçambique, aprendeu com os Comandantes Luís Branco e Jorge Veloso o voo nocturno, com o Coronel Armando Vieira os multimotores, com Artur Lacueva a acrobacia e com Júlio Lázaro a radiotelefonia.

Foi sócio, instrutor e presidente do Aero Clube de Moçambique (com sede em Lourenço Marques), instrutor e director das Escolas de Pilotagem dos Aero Clubes de Gaza (Xai-Xai), Inhambane e Vila Trigo de Morais. Pelas suas mãos passaram várias gerações de pilotos ali formados. Até há poucos anos, mantinha válida a sua licença de piloto privado, sendo o mais velho piloto Português ainda no activo.

Na então Lourenço Marques, colaborou activa e decisivamente na construção de 4.000 casas populares no bairro da Machava e também na Coop, durante 17 anos, tendo oferecido uma escola primária, considerada como das mais lindas da cidade e que foi construída nesse bairro. Durante a sua carreira profissional, esteve ligado a cerca de quarenta empresas.

O Coronel Manuel Bernardo, que o conheceu bem, referiu: “Rui Monteiro era um homem de raras qualidades de humildade, coragem e abnegação ao serviço dos outros, em todas as circunstâncias.”

Aquando da Independência, deixou Moçambique, tendo ir viver para a Linha do Estoril, em Portugal. Todo o seu património foi posteriormente nacionalizado.

Apesar dos vários convites que lhe foram posteriormente feitos, nunca mais regressou a Moçambique.

Da esquerda: Artur Cardoso, Marques Pinto, Dias, Férias, Pereira, Telmo Pereira e Rui Monteiro.

Em Portugal, pertenceu aos quadros directivos do Aero Clube de Portugal, onde foi Presidente do Conselho Fiscal, Vice-Presidente da Direcção e Presidente da Assembleia Geral respectivamente, clube que lhe atribuiu vários diplomas de honra. A Federação Aeronáutica Internacional (FAI) concedeu-lhe em 1990 o diploma Paul Tissandier, a Ordem dos Cavaleiros de Colombo e distinguiu-o com uma cruz por salvamento num desastre aéreo, com risco da própria vida.

Ficaram célebres os voos acrobáticos deste grande piloto Moçambicano, participante activo em todos os festivais aéreos que por todo o território de Moçambique se realizaram, tendo efectuado o seu último voo no dia 18 de Junho de 2006, com 85 anos de idade.

Membro activo das Forças Aéreas Voluntárias em Moçambique, foi um dos seus fundadores naquela então província portuguesa, durante os dez anos que durou a guerra que culminou com a Independência em 1975, tomando parte em inúmeros voos de busca e salvamento, transporte de feridos e de mantimentos, e principalmente em numerosos voos de Correio Aéreo.

Uma credencial de Rui Monteiro Pai, anos 1960.

Foi correspondente durante vários anos da Revista do Ar, onde publicou vários artigos sobre a Aviação em Moçambique.

Sobre Rui Monteiro pai, Fernando Lopes Subtil escreveu: “Uma grande perda para todos aqueles que como eu tiveram a sorte de terem sido seus alunos e amigos durante mais de 50 anos, uma grande perda para todos os que de uma forma ou de outra estiveram ligados ao Aeroclube de Moçambique e de Gaza, os meus sentimentos aos filhos e restante familia, um grande abraço ao Rui monteiro filho.”

Carmo Jardim escreveu: “Conheci-o muito bem tinha por ele o maior respeito como piloto e também como instrutor. À Família amiga um grande beijinho especial.”

Rui Monteiro Pai era casado com D. Aurita. Deixa cinco filhos (Ana Maria, Rogério, Deolinda, Maria José (Zé) e Rui jnr) e vários netos.

Junto-me a todos apresentando à sua Família as minhas condolências e celebro a memória de um homem que teve uma vida verdadeiramente excepcional.

Setembro 6, 2011

MÁRIO DE ABREU E A EQUIPA DE FUTEBOL DO DESPORTIVO LOURENÇO MARQUESCERCA DE 1935

Esta fotografia foi muito gentilmente cedida pela Cristina Vanzeller, filha de Mário de Abreu (nascido em 1919) que é o jovem guarda-redes a segurar a bola. A cristina é da grande família Abreu em que um tio fez o Hotel Turismo, a Safarilândia e claro o Comandante Vasco Abreu (e Rute Abreu) pais da Susana Abreu, grande nadadora do Grupo Desportivo Lourenço Marques.

Para ver esta fotografia (que restaurei) em tamanho maior, prima na imagem em baixo com om rato do seu computador duas vezes.

Se alguém souber o nome da equipa ou os nomes dos restantes craques, por favor envie uma nota para aqui.

A equipa de futebol em que Mário de Abreu é o guarda redes, cerca de 1935. Na imagem, de pé e da esquerda: P1, P2, P3, P4 e P5. De joelhos: J1, J2 e J3. Sentados: S1, Mário de Abreu e S3.

Janeiro 24, 2011

OA CAMPEÕES DE FUTEBOL DE MOÇAMBIQUE, 1922-2010

Eia uma lista dos campeões de futebol de Moçambique, que fui buscar ao sítio  http://www.rsssf.com/tablesm/mozchamp.html

CAMPEÕES DISTRITAIS DE LOURENÇO MARQUES

1922 Sporting Clube de Lourenço Marques
1923 Atlético
1924 Clube Indo-Português
1925 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1926 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1927 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1928 Atlético
1929 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1930 Sporting Clube de Lourenço Marques
1931 Ferroviário (Lourenço Marques)
1932 Ferroviário (Lourenço Marques)
1933 Sporting Clube de Lourenço Marques
1934 Ferroviário (Lourenço Marques)
1935 Ferroviário (Lourenço Marques)
1936 Ferroviário (Lourenço Marques)
1937 Grupo Desportivo de Lourenço Marques
1938 Sporting Clube de Lourenço Marques
1939 Ferroviário (Lourenço Marques)
1940 Sporting Clube de Lourenço Marques
1941 não atribuído devido ao Maio Affair
1942 Ferroviário (Lourenço Marques)
1943 Sporting Clube de Lourenço Marques
1944 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1945 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1946 Grupo Desportivo de Lourenço Marques
1947 Ferroviário (Lourenço Marques)
1948 Sporting Clube de Lourenço Marques
1949 Ferroviário (Lourenço Marques)
1950 Ferroviário (Lourenço Marques)
1951 Ferroviário (Lourenço Marques)
1952 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1953 Sporting Clube Lourenço Marques
1954 Ferroviário (Lourenço Marques)
1955 Ferroviário (Lourenço Marques)
1956 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1957 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1958 Ferroviário (Lourenço Marques)
1959 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1960 Sporting Clube Lourenço Marques
1961 não atribuído devido ao Daniels Affair

CAMPEÕES DE MOÇAMBIQUE (ANTES DA INDEPENDÊNCIA

1956 Ferroviário (Lourenço Marques)
1957 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1958 Ferroviário (Beira)
1959 Sporting Clube de Nampula empate 1-1 [2-1 pen] Desportivo
1960 Sporting Clube de Lourenço Marques
1961 Ferroviário (Lourenço Marques)
1962 Sporting Clube de Lourenço Marques
1963 Ferroviário (Lourenço Marques)
1964 Grupo Desportivo Lourenço Marques
1965 não terminou
1966 Ferroviário (Lourenço Marques)
1967 Ferroviário (Lourenço Marques)
1968 Ferroviário (Lourenço Marques)
1969 Textáfrica (Vila Pery)
1970 Ferroviário (Lourenço Marques)
1971 Textáfrica (Vila Pery)
1972 Ferroviário (Lourenço Marques)
1973 Textáfrica (Vila Pery)
1974 Ferroviário (Beira)

CAMPEÕES DE MOÇAMBIQUE (DEPOIS DA INDEPENDÊNCIA)

1975 (Não houve campeonato)
1976 Textáfrica (Chimoio)
1977 Grupo Desportivo (Maputo)
1978 Grupo Desportivo (Maputo)
1979 Costa do Sol (Maputo)
1980 Costa do Sol (Maputo)
1981 Têxtil Pungué (Beira)
1982 Ferroviário (Maputo)
1983 Grupo Desportivo (Maputo)
1984 Maxaquene (Maputo)
1985 Maxaquene (Maputo)
1986 Maxaquene (Maputo)
1987 Matchedje (Maputo)
1988 Grupo Desportivo (Maputo)
1989 Ferroviário (Maputo)
1990 Matchedje (Maputo)
1991 Costa do Sol (Maputo)
1992 Costa do Sol (Maputo)
1993 Costa do Sol (Maputo)
1994 Costa do Sol (Maputo)
1995 Grupo Desportivo (Maputo)
1996 Ferroviário (Maputo)
1997 Ferroviário (Maputo)
1998 não houve [*]
1998/99 Ferroviário (Maputo)
1999/00 Costa do Sol (Maputo)
2000/01 Costa do Sol (Maputo)
2002 Ferroviário (Maputo)
2003 Maxaquene (Maputo)
2004 Ferroviário (Nampula)
2005 Ferroviário (Maputo)
2006 Grupo Desportivo (Maputo)
2007 Costa do Sol (Maputo)
2008 Ferroviário (Maputo)
2009 Ferroviário (Maputo)
2010 Liga Muçulmana (Maputo)

[*] em 1998 disputou-se uma mini~liga, cujo vencedor foi o Costa do Sol (Maputo) que não contou como campeonato.

Janeiro 16, 2011

CARLOS GOMES, BOXISTA DE MOÇAMBIQUE

Estes documentos foram gentilmente enviados por Fernando Pinto, neto de Carlos Gomes.

Carlos Gomes nasceu no Lumiar, em Lisboa, em 28 de Abril de 1915. Eventualmente foi viver para Moçambique, onde se formou na prática do boxe sob a tutela de um treinador sul-africano. Nos anos 30 começou a notabilizar-se neste desporto. Em meados dos anos 30 prestou serviço militar em macau, após o que regressou a Moçambique, tendo realizado combates na então colónia e em Portugal. Era sócio e atleta do Ferroviário e trabalhou quase toda a vida nos Caminhos de Ferro de Moçambique.

Carlos Gomes fez parte do que a actual Federação Portuguesa de Boxe classificou como um “boom” de pugilistas vindos de Moçambique: “Na década de 40, houve um «boom» na actividade com a chegada dos moçambicanos Luis Eugénio «Xangai» Carlos Wilson, Beny Levi e Fernando Matos, que juntamente com Valente Rocha, Alfredo Oliveira, Eduardo Alves e tantos outros, fizeram bons combates no Parque Mayer.”

A licença de pugilista de 2ª série, emitida pela Federação Portuguesa de Boxe, a Carlos Gomes, com data de 1943.

 

Carlos Gomes, foto da sua carta de condução de… Macau.
Cartaz de anúncio de sete combates de boxe em Lourenço Marques em 10 de Julho de 1937. Entre eles, o combate entre Carlos Gomes, pelo “Clube Desportivo Ferro- Viário” e o peso médio sul-africano N. Calemborne. De notar em baixo nos preços de admissão, a tarifa de “indígena”: 5 escudos, contra um preço de cadeira de ringue de 35 escudos. Os outros combates envolveram Beny Levy vs. V. Brand, Fernando Águas vs. Erasmus, Frank Gonçalves vs.  R. Pegado, Manuel Barbosa vs. Carlos Amaral, Messias Moniz vs. Carlos Rodrigues e Firmino Carvalho vs Reinaldo Jaques.
Notícia assinalando a atribuição a Carlos Gomes do emblema de sócio do Ferroviário há mais de 25 anos.
Desenho do pugilista Carlos Gomes, feito pelo seu filho Carlos Alberto, 1936.
Cartaz anunciando a realização, em 10 de Outubro de 1936, de seis combates de boxe: Levy vs. Bohler, Carlos Gomes vs. P. Brand, Larsen vs. Hewitt, Luis Eugénio vs.B. Zulch e Fernando Águas vs. J. du Plooy. Uma pequena nota em baixo detalha o sexto combate: “A sessão abre, a pedido, com um combate entre dois africanos”.  Estes dois pugilistas do primeiro dos seis combates, não tiveram direito a nome.

Capa da carta de condução de automóveis de Carlos Gomes, emitida em Macau.

Interior da carta de condução de Carlos Gomes, emitido em 1938.

Interior da carta de condução de Carlos Gomes. Aqui com 22 anos de idade.

Interior da carta de condução de Carlos Gomes.

Combate de Carlos Gomes em Agosto de 1943.

Combate realizado em Lisboa entre Carlos Gomes e o campeão da Ilhas Canárias, vencido por Carlos Gomes. Á esquerda de Carlos Gomes (com robe à direita) está Canelas Júnior, o seu manager. Presumo que o combate realizou-se durante a II Guerra Mundial.

Carlos Gomes e o seu manager Canelas Junior em Lisboa. Foto tirada no dia 14 de Agosto de 1943.

Combate em Lisboa realizado no dia 12 de Agosto de 1943 entre Carlos Gomes e o campeão das Ilhas Canárias.

Carlos Gomes em acção durante um combate.

Notícia da chegada a Lisboa dos pugilistas moçambicanos Carlos Gomes (à direita) e Justino Rodrigues, a bordo do paquete Quanza. Não sei quem é o senhor no meio, mas mesmo por cima da foto está escrito "Xagai", pelo que se deduz ser o pugilista, também de Moçambique, Luis Eugénio "Xangai".

Recorte de jornal de Lourenço Marques dando notícia de mais um combate de Carlos Gomes.

Uma avaliação dos dois pugilistas vindos de Moçambique assinada por Rufino Sena, que não parece ter ficado lá muito impressionado com os jogos de teste, conduzidos à porta fechada no Campo Pequeno, em Lisboa.

Vista da Avenida Almeida Ribeiro em Macau, em frente ao Leal Senado, cidade onde Carlos Gomes esteve na segunda metade dos anos 30, e de onde visitou Singapura.

Numa das saídas de Lourenço Marques de Carlos Gomes, as pessoas a despedirem-se no cais dos passageiros do Paquete Moçambique. Para se ver melhor, prima duas vezes sobre a fotografia. Esta foto é também reproduzida no blogue "Delagoa Bay World".

Carlos Gomes e a sua mulher, Irene, em Lourenço Marques.

Yosepe W. Gomez, creio que um colega de Carlos Gomes.

A legenda diz apenas "Luis Lopes da Silva, 29 de Abril de 1956". Deve ser outro pugilista do tempo de Carlos Gomes.

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